História do Solar da Viscondessa do Tremembé

 

    Construído em meados do século 19, auge do período cafeeiro do Vale do Paraíba, o Solar da Viscondessa do Tremembé, que tem suas características originais restauradas pelo Projeto Restau, da Universidade de Taubaté (UNITAU), é um dos mais representativos patrimônios histórico-arquitetônicos existentes no município.


    Com um passado repleto de acontecimentos relacionados a diversos períodos importantes para a região, desde o período do café, passando pelo início da industrialização, até a fase urbana e universitária, o Solar se destaca por ser um dos poucos solares remanescentes no Vale do Paraíba e por ter abrigado diferentes famílias e personalidades taubateanas ao longo de sua história.
 

    Casa número 118, na Rua XV de Novembro, em frente à casa do Visconde. Assoalhada, forrada e envidraçada, tendo na frente um portão e quatro janelas e um gradil de ferro, compreendendo quintal e dependência até a primeira cocheira inclusivamente colocada esta na Rua Barão da Pedra Negra, tudo visto e avaliado por vinte contos de réis. Assim está descrito o Solar no inventário que elenca os bens pertencentes ao Visconde do Tremembé à ocasião de seu falecimento, em 1911.


    Barão e Visconde do Tremembé, José Francisco Monteiro, e sua mulher, a Viscondessa Maria Belmira França Monteiro, foram os primeiros habitantes do Solar – um período de gala, com a presença de importantes nomes da época, que frequentavam as festas realizadas no local. Era um casal de renome em Taubaté, devido a grandes feitos de José Francisco no período da Guerra do Paraguai, quando participava do Partido Liberal de Taubaté e organizava manifestos para arrecadar dinheiro e enviar para a frente de batalha. Por essas ações, Monteiro recebeu do Imperador Dom Pedro II o título de Visconde do Tremembé. Já a Viscondessa era uma senhora mais discreta, que se dedicava aos afazeres do Casarão.
 

    Avô do escritor Monteiro Lobato, o Visconde do Tremembé não teve filhos com sua esposa Maria Belmira. Todos os seus três filhos foram frutos de outros relacionamentos.
 

    Após a morte da Viscondessa, em 1910, e do Visconde, em 1911, os netos bastardos, Judith, Esther e José Bento Monteiro (o escritor Monteiro Lobato), herdam as posses do casal. Esther e seu esposo, Heitor de Moraes, ficaram com o Solar, que foi vendido para o Coronel Francisco de Paula Oliveira em 1916. Com a morte do Coronel, em 1936, sua viúva, Maria Francesca Chiaradia, e suas filhas, Jacyra e Jandyra, alugam o casarão para o empresário Félix Guisard, que criou, no espaço, o Museu Histórico de Taubaté.
 

    Dois anos depois, no dia 10 de janeiro de 1938, o prefeito da época, Antônio Marcondes Castilho, transformou o Museu Histórico em Museu Municipal de Taubaté. Em 1951, passou a funcionar no Solar o Ginásio Taubateano, que teve seu funcionamento interrompido no início da década de 1970.

 

O Solar e a Universidade

    Em 1973, cria-se a Federação das Faculdades e Universidades de Taubaté, que compra o Solar no ano seguinte. Com a instituição da Universidade de Taubaté, criada a partir da Federação, em 6 de dezembro de 1974, o Solar torna-se sede da Reitoria, que lá permaneceu até 1981. De 1982 a 1998, o local passa a abrigar o Departamento e a Clínica de Psicologia e, em 1998, torna-se sede do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica (CDPH) da Universidade.
    No ano de 2007, o Casarão passou a integrar o grupo de prédios escolhidos, pela importância histórica, para serem recuperados pelo Projeto Restau. Hoje, o Solar da Viscondessa, que foi tombado pelo Condephaat em 1985, consolida sua vocação cultural e passa a sediar, novamente, o CDPH, além de uma galeria de arte, a Galeria da Viscondessa, incentivando e fortalecendo a cultura na cidade de Taubaté.

 

Cronologia de Ocupação

 

1865 – Maria Belmira de França Monteiro casa-se com José Francisco Monteiro – Barão e Visconde de Tremembé – recebendo, como herança, a residência da antiga rua das Palmas,118, e, atualmente, rua Quinze de Novembro.

 

1911 – Com a morte do Visconde, a casa passa para a neta Esther Monteiro Lobato, casada com o advogado e poeta Heitor de Moraes, que, por residir na cidade de Santos, manteve o Solar fechado, utilizando-o somente em curtos períodos de férias.

 

1918 – Em decorrência do declínio do surto cafeeiro, Esther vende a casa para o Coronel Francisco de Paula Oliveira, fazendeiro de gado, casado com Francesca Chiaradia – filha de imigrantes italianos. Nesse período, é feita uma reforma arquitetônica que altera consideravelmente a parte fronteiriça do casarão, acrescenta-se, também, novos cômodos e altera-se o piso, o forro e as pinturas decorativas das paredes.

 

1936 – Devido à mudança da família Chiaradia de Oliveira para o Rio de Janeiro, o Solar torna-se a sede do Museu Histórico de Taubaté, com acervo oriundo de doações de particulares. Em 1938, torna-se Museu Municipal de Taubaté, que funciona até 1950, com um acervo constituído de armas, louças, numismáticas, motivo da fauna brasileira, dentre outros objetos de valor histórico.

 

1952 – O Ginásio Taubateano, instituição de ensino criada em 1951, é instalado no casarão. A família de Teodoro Corrêa Cintra, idealizador do projeto, passa a abrigar o pavimento térreo.

 

1973 – A Federação das Faculdades de Taubaté adquire a casa da Viscondessa para torná-la sua sede. Em 1974, a primeira reitoria da Universidade de Taubaté ocupa as dependências do casarão.

 

1982 – No Solar passa a funcionar o Departamento de Psicologia e, em 1983, a Clínica Psicológica, que ali permanece até agosto de 1998.

 

1998 – O casarão passa a abrigar a Fundação Musical da Universidade de Taubaté e, em suas dependências anexas, o acervo do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica (CDPH).

 

2007/2010 – Período das obras de reforma e restauro. O Solar é desocupado.

 

23/06/2010 – Cerimônia de entrega do Solar da Viscondessa do Tremembé à comunidade.

 

05/07/2010 – O CDPH passa a ocupar a parte térrea do Solar e, no piso superior, a Galeria Viscondessa.